Política

6 segredos para um discurso político convincente

A política brasileira atual, vive um período de grande perda de credibilidade frente a opinião pública e motivos não faltam para que isso ocorra, uma vez que se multiplicam as denúncias de corrupção e os desmandos, como também se aprovam medidas que não são de agrado da população. Soma-se a isso um fator que hoje observamos, a falta de preocupação dos políticos com um tema muito importante, relacionado à qualificação e à comunicação.

É notório que políticos conseguem convencer seus eleitores principalmente pela sua capacidade de comunicação, mesmo porque, participam de debates, fazem palestras, ocupam espaços em meios de comunicação, e em especial a rádio e a TV.

Dois aspectos merecem atenção sob a comunicação dos políticos diante disso, referindo-me aqui à imagem provocada por eles mesmos em relação à sua atuação. A primeira refere-se a questões de valores éticos, integridade, honestidade, responsabilidade com o bem público, missão de zelar pela comunidade, pelas pessoas, pela cidade, estado ou país.

A comunicação na dimensão espiritual, um dos temas do meu livro – AS 7 Dimensões da Comunicação Verbal, trata justamente disso ao abordar a comunicação como um rastro que a pessoa deixa depois de sua passagem, e o desafio que tem de agir em conformidade com o que fala. Há políticos que falam uma coisa e agem diametralmente opostas em relação ao que pregam, ou seja, defendem seus interesses e os da sua família ou um grupo de apoiadores já pensando em uma próxima eleição do que o que é propagado em tribunas, entrevistas ou palestras. Impressionante é a quantidade de presos ou prestes a estarem nessas condições, de políticos que atuam sob essa égide.

Além disso, ser coerente, ter consistência na sua fala, ter valor na palavra empenhada ou no compromisso assumido, no juramento feito, pensar nas pessoas, no meio ambiente, na sustentabilidade, no planeta, na vida, nas crianças, na educação séria é o mínimo que uma pessoa deveria ter para pensar em representar uma comunidade como político.

Outro aspecto importante da comunicação corresponde a quantidade de problemas advindos daí. Há os que conseguem falar bonito, ter discursos carregados de metáforas, citações de personalidades notáveis, promessas mil com base em estatísticas dos problemas das cidades, mas vazios por serem promessas eleitoreiras, na maioria dos casos. Há, claro, os que são sérios, tem vocação para servir, preocupam-se de verdade com as pessoas, mas pelo visto e pela quantidade de problemas pode-se deduzir tratar-se de uma ínfima minoria.

Outros problemas relacionados à comunicação, em vários contextos e em propagandas eleitorais, vemos em pessoas totalmente despreparadas, sem ter uma linha de raciocínio clara, tentando fazer gracinhas para um povo inculto para tentar agradar e cair no gosto popular. Por este motivo, são eleitos palhaços, pessoas famosas, ídolos de rádio e tv, esportistas que aproveitam-se da fama em sua arte ou nas suas realizações para na política, obter altos salários e certa notoriedade que o tempo fez apagar de seus momentos de glória.

Há os que falam demais, os que falam de menos, os que falam errado, não para entrar em sintonia com a grande massa – infelizmente, sem estudo ou formação política, mas porque não sabem falar mesmo. Existem os que são desorganizados nas ideias, possuem falas inconsistentes e elogios baratos para agradar a quem possa estar vendo ou ouvindo. Há os que falam depressa demais, os que provocam sono pela lentidão da fala e do pensamento. Sinceramente, não sei como conseguem convencer pessoas a votarem neles. De modo geral, respeitando-se a legislação de qualquer brasileiro poder concorrer a cargos eletivos, entendemos que há dois lados: o positivo porque espera-se que tais pessoas vindas das suas bases podem representar uma comunidade, por outro, as tradicionais “raposas” que, pela sua esperteza, estratégia, conchavo, falcatrua, corrupção e até, porque não o dom da oratória, perpetuam-se no poder.

É claro que, se conselho fosse bom não se dava, se vendia, mas sem essa pretensão, apresento algumas sugestões mais alinhadas aos meus sonhos de ter efetivamente pessoas condignas para nos representar na atividade política e na minha esperança de que avançaremos nessa direção, do que tenho observado na realidade do nosso país:

Coerência

O discurso praticado pelo político deve estar muito alinhado com suas ações, ou melhor, suas ações devem ser ou estar plenamente de acordo com seus discursos.

Capacidade

Um político deve ser capaz, ter habilidades de liderança, ser assertivo, defender seus pontos de vista, lutar bravamente para apresentar propostas corretas, ter cultura, conhecimentos além das fronteiras do seu bairro, da sua cidade, do país; estar alinhado com as tendências da tecnologia, dos problemas sérios que assolam a população, enfrentar os problemas de frente, com coragem e firmeza.

Comunicação

Há de ser uma pessoa que saiba se comunicar. Isso não significa apenas falar bem, mas principalmente, saber ouvir, entrar em sintonia com as outras pessoas, falar o necessário, saber usar a  sua voz para acusar ou defender, para pedir, para agradecer, envolver outras pessoas em causas justas, saber comandar, ter o poder de influenciar, envolver, mesmo porque não há que ser só ou isolado no poder, mas ser o representante de fato de um grupo de pessoas, ou seja o porta-voz de quem lhe atribuiu a responsabilidade para representá-los.

Mais um ponto é que com a ampliação das ferramentas de comunicação, o político deve ampliar seu repertório de comunicação. Hoje as redes sociais precisam ser adequadamente trabalhadas pois garantem grande repercussão.

Atualização

Um bom comunicador deve possuir um bom estoque de conteúdo, para não ser pego desprevenido em relação a alguns temas e ter o seu discurso alinhado aos seus públicos de interesse. Também é importante buscar conhecimentos sobre os temas que serão abordados e evitados durante o mandato, as palavras e termos compostos mais utilizados relacionados aos temas, os pontos de atenção, os canais que serão ativados e os políticos “concorrentes”, saber utilizar as redes sociais para apresentar propostas, ouvir sugestões, envolver cada vez mais um maior número de pessoas em defesa de suas causas e dos seus projetos.

Visibilidade

Ter visibilidade é primordial para que os eleitores encontrem o político, assim é preciso que passe a ser visto, principalmente, escutado. Toda oportunidade de conversar com o eleitor passa a ser relevante, desde que se tenha claras estratégias de abordagem.

Também é importante, cuidado com as redes sociais, e trabalhar com as mesmas pelo espaço que ambas podem abrir, como é o caso do YouTube e até mesmo o WhatsApp. Mas, cuidado, o mundo não é totalmente digital – faz-se indispensável a presença em eventos presenciais sociais.

Reputação

Todo cuidado é pouco. Se existe uma tendência à algum tipo de interesse particular, melhor mesmo é não se envolver com isso. Fazer um bom trabalho, esforçar-se por ser reconhecido pelos seus feitos não é fácil, construir uma imagem pode demorar muito tempo, mas o alerta é que perder a credibilidade é fácil e mais e mais, vemos um cerco se formando em torno de políticos corruptos, vários deles compartilhando celas com seus correligionários ou companheiros de partido.

Reinaldo Passadori, fundador e CEO do Instituto Passadori – Educação Corporativa (www.passadori.com.br), já treinou mais de 80 mil profissionais. Também é autor dos livros: “Comunicação Essencial – Estratégias eficazes para encantar seus ouvintes”, “As Sete Dimensões da Comunicação Verbal”, “Media Training – Como construir uma comunicação eficaz com a Imprensa e a Sociedade” – Editora Gente e “Quem não Comunica não Lidera” – Editora Atlas.



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