Arranjos produtivos – Ramalho Leite
Na plenária do Orçamento Democrático de Guarabira um conterrâneo me perguntou ao ouvido: que danado é isso que Ricardo tanto fala, esse tal de “arranjo produtivo”. A expressão de junta a tantas outras que têm mudado a linguagem que o povo começou a ouvir recentemente pela boca deste Governo nas suas pregações publicas.
Inclusão social, Índice de Desenvolvimento Humano-IDH,Indicadores Sociais, Empoderamento do Povo são parâmetros de uma ação político-administrativa que, por seu freqüente uso, tem obrigado também o Chefe do Governo a usar e abusar da expressão: ou seja. É importante que todos entendam e o “ou seja” é a vírgula que ele usa.
Quando oferece colocar o povo do Poder, esse empoderamento vem condicionado a uma ação conjunta que permite ao povo reivindicar metas ao Governo e a um só tempo, fiscalizar seus gestores.Esses gestores, no âmbito municipal, terão apoio até financeiro do Estado mas precisam melhorar seus indicadores sociais, ou seja: melhorar os índices de alfabetização,diminuir o percentual da mortalidade infantil,cumprir as metas de vacinação ou eliminar o índice de repetência nas escolas.Firma-se um Pacto Social, diferentemente do pacto político dirigido somente a quem escreve na cartilha do governo. A gestão resultará na melhoria do IDH, pois, esse padrão, resulta justamente da medição dos índices sociais, incluído nele a renda per capita da população.
Mas o Governo faz o diagnóstico, dá o prognóstico e prescreve o remédio. No nosso interior some-se a aposentadoria rural com o bolsa família que se tem mais da metade do dinheiro circulante. Com os empregos públicos rareando e os quadros superlotados, resta botar a imaginação para funcionar. Aí surgem os “arranjos produtivos” que podem ser uma fabriqueta de picolé, um produtor de móveis rústicos ou o fabrico de tapioca. Não importa o ramo do negócio mas a vontade de crescer e melhorar seu produto.
O remédio está posto em doses homeopáticas mas constantes. Trata-se do Empreender Paraiba, já com uma reserva financeira que permitirá garantir a geração de renda a centenas de paraibanos e um sucesso comprovado na Capital.
Quando fui Diretor de Crédito Rural do Banco do Nordeste me deparei com programa semelhante denominado Geração de Emprego e Renda. Em uma de minhas passagens pela presidência do Comitê de Credito chegou indeferido um projeto da Agencia de Solânea, contemplando cerca de trinta pequenos empreendedores que queriam fazer desde a fabricação de pastel à carroceria de caminhão. As normas tendiam a apoiar apenas a concentração do esforço coletivo em uma mesma atividade econômica.
Como presidente eu decidia e resolvi pedir a audiência do ETENE o famoso escritório técnico que por muitos anos ditou os caminhos econômicos do nordeste. Minha inconformação foi acolhida e todos saíram ganhando. Certo dia me liga o gerente de Solanea:
– Diretor, hoje está vencendo um parcela daquele empréstimo coletivo.Todos pagaram.Faltou apenas um, pois está preso. A mulher dele esteve aqui no Banco e avisou que está vendendo uma vaquinha e vem pagar na segunda feira.
Conto esse fato para reforçar a minha tese de que o pobre é o melhor pagador de qualquer banco. Daí o sucesso do Empreender- empresta ao pequeno que pensa em crescer.Diferente do grande investidor que usa seu prestigio para tomar emprestado e tem as costas quentes para deixar de pagar. A Paraíba, portanto, está no caminho certo.