Prevenção do câncer de boca implica na prevenção do HPV, diz especialista

aO papilomavírus humano (HPV) é a doença sexualmente transmissível mais comum e pode infectar todas as células da pele e/ou mucosa, como boca, garganta, língua, amígdalas, vagina, colo do útero, vulva, pênis e ânus. A maior parte dos cerca de 200 tipos de HPV é inofensiva e não acarreta câncer. Mas nove deles comprovadamente causam a doença e outros seis estão sendo estudados, sob fortes evidências. No câncer de boca, uma preocupação maior recai sobre os tipos de número 16 e 18 – também associados ao câncer cervical, anal, peniano e de útero.

“Trabalho científico realizado na Unifesp, em que estudamos 50 casos de câncer de boca, indicou a presença de HPV em 74% dos casos”, diz o doutor Artur Cerri, coordenador da Escola de Aperfeiçoamento Profissional da APCD (Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas)

. Em parceria com o também professor da EAP APCD, Carlos Eduardo Ribeiro da Silva, o estudo foi amplamente divulgado na mídia internacional especializada. “É fundamental que a prevenção do câncer de boca passe pela prevenção do HPV oral. Hoje em dia, a abordagem mais utilizada para a detecção molecular do papilomavírus humano é a técnica de PCR (reação da polimerase em cadeia), por sua elevada sensibilidade e facilidade na interpretação dos resultados”, diz Cerri.

De acordo com o especialista, ampliar o programa de vacinação contra o HPV para a população pré-adolescente é um dos meios mais eficazes de controlar a doença, além de intensificar os programas de orientação sexual – já que quanto mais parceiros sexuais uma pessoa tem, maiores são as chances de contrair a doença. “Antes mesmo de solicitar um exame de PCR, o cirurgião-dentista deverá realizar um exame visual e tátil na boca do paciente, fazendo perguntas sobre sintomas ou sinais que nem sempre são visíveis ou palpáveis. Problemas persistentes, como machucados que se prolongam por mais de duas ou três semanas, devem ser alvos de uma investigação mais atenta, já que o câncer de boca em fase inicial é bastante curável”.

Estimativas indicam que, diariamente, doze mil norte-americanos com idade entre 15 e 24 anos são infectados com HPV. A grande maioria nunca nem saberá que foi exposta ou contraiu o vírus. No Brasil, não há estatísticas sobre a prevalência de infecções pelo papilomavírus humano. Mas é importante saber que uma pessoa pode ter HPV por muitos anos, ou mesmo décadas, antes de ser diagnosticada ou ainda desenvolver câncer.  “Como DST, o uso de preservativo pode reduzir consideravelmente as chances de contrair HPV, mas dado que a doença pode infectar áreas normalmente desprotegidas, não se deve confiar 100% na camisinha nesses casos”, diz o cirurgião-dentista.

Artur Cerri afirma que o câncer de boca e orofaringe proveniente de HPV acomete geralmente pessoas saudáveis, não-fumantes, numa faixa etária entre 25 e 50 anos. “Homens brancos, que não fumam, e que têm entre 30 e 40 anos, têm quatro vezes mais chances de desenvolver câncer oral em relação às mulheres. Geralmente, o HPV16 se manifesta nas regiões posteriores, como a base da língua, a parte posterior da garganta, e em toda região das amígdalas. Por isso, é importante prestar atenção em lesões que não cicatrizam, dificuldade para engolir, dor ao mastigar, dor de garganta persistente ou rouquidão, inchaço ou caroço na boca, presença de ‘bolinhas’, sensação de dormência na boca ou nos lábios e até mesmo dor de ouvido persistente de um lado só”.

Fontes:

http://www.oralcancerfoundation.org/hpv/hpv-oral-cancer-facts.html

Dr. Artur Cerri, cirurgião-dentista e coordenador da Escola de Aperfeiçoamento Profissional (EAP) da Associação Paulista de Cirurgiões-Dentistas (APCD). www.apcd.org.br



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