Um desejo do educador para 2013 (*) Francisca Paris

educadorPara quem vive no mundo da educação, há dois calendários distintos e igualmente importantes: um é o calendário greco-romano, de 365 dias, que todos seguimos. Mas há também o calendário letivo, que dita o ritmo das escolas. Nesses calendários, 2013 começou há não muito tempo, marcando o início de um novo ciclo. Pois bem, qual é o seu desejo, como gestor, para este ano?

 

Muitos pensarão: mais alunos, resultados acadêmicos melhores, uma comunidade mais satisfeita, mais harmonia, mais sucesso escolar, educação à altura de nossos melhores ideais, reconhecimento. E é verdade: o mundo pedagógico é ─ talvez mais do que outras áreas ─ movido por grandes inspirações, por um idealismo a toda prova, no qual a esperança é diariamente desafiada e cotidianamente renovada.

Pois aqui vai uma sugestão: o começo do ano letivo é uma boa ocasião para que a escola preste muita atenção – e ponha foco total, mesmo – na qualidade do ambiente ou “clima” escolar. Não estamos falando de disciplina nem de interação entre professores e comunidade. Não apenas. Ambiente é o conjunto de dinâmicas, relacionamentos e procedimentos que determinam a rotina escolar.

Numerosos estudos internacionais vêm mostrando que a qualidade do clima escolar é um dos indicativos mais fortes do sucesso de uma instituição, tanto do ponto de vista da formação acadêmica, como da perspectiva da construção de atitudes e valores. Todos nós já conhecemos uma escola assim: um lugar que parece ter no próprio ar que se respira algo de diferente, um local harmônico, equilibrado, onde não há caras fechadas, tampouco alegria histérica.

Nas escolas que têm ótimo clima escolar, as regras são razoáveis, pactuadas por todos e alicerçam a qualidade do relacionamento humano.

Estuda-se na hora de estudar, descontrai-se quando é tempo de brincar. Os objetivos a serem atingidos são conhecidos por todos, e juntos todos enfrentam os desafios e assumem os insucessos. Os professores atuam em equipe, “vestem a camisa” da escola, mas sem perder a autoridade e a autonomia de quem lidera uma sala de aula.

Escolas assim apresentam espaço físico visivelmente organizado e limpo e não toleram problemas de infraestrutura fáceis de solucionar, como rachaduras e outras imperfeições, que dão ar desleixado aos ambientes pedagógicos. Escolas assim são espaços sociais sem vácuos de liderança e claramente orientados para o ensino-aprendizagem, que tratam o processo educativo com o respeito e a seriedade que este impõe – e por isso suas decisões são acatadas e compartilhadas pela comunidade.

Não há milagre nenhum nessas instituições, e todas as escolas podem ser assim. Mas querer é preciso e também é preciso trabalhar todos os dias na construção do ambiente escolar, que é feito de detalhes, muitos detalhes. Sempre é tempo de começar. 

(*) Francisca Paris é pedagoga, mestra em Educação e diretora de serviços educacionais do Ético Sistema de Ensino (www.sejaetico.com.br), da Editora Saraiva



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