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Audiência Pública na Câmara Municipal debate a “Igualdade Racial”

A vereadora Jô Oliveira (PC do B) presidiu na manhã desta terça-feira (10), de forma remota a Audiência Pública para debater a “Políticas públicas de promoção da Igualdade Racial”, que contou com a participação de convidados ligado a temática do negro.

Participarão da audiência Jair Silva Ferreira – representante do Movimento Negro de Campina Grande; Jessicaelen Conceição – Fórum de Artistas Negros e Negras e representante da Batalha do Pedregal; Maria Leonia – representante do movimento da mulher trabalhadora da Paraíba; Nazito Pereira – Mestre em Filosofia para UFPB, professor da Rede Estadual e fundador do Núcleo de Estudos Afro indígenas; Babalaô Ivanir dos Santos – Pós Doutor em História Comparada e Professor da UFRJ; Silvio Humberto – Professor da Universidade Estadual de Feira de Santana, Doutor em Economia pela UNICAMP, vereador pelo partido PSB em Salvador e Presidente do Instituto Steve Biko de Equidade Racial da Secretaria de Mulheres e Diversidade do Governo do Estado; Maria das Graças – Representante do Sindicato Estadual das Trabalhadoras Domésticas; Márcio Daniel – Representante da Secretaria Municipal de Assistência Social; Moisés Alves – Assessoria Técnica Municipal da Secretaria de Educação.

Jair Silva – Agradeceu a oportunidade e saudou a todas as mulheres negras que estavam presentes na audiência, agradeceu também em especial a presença do vereador Sílvio Humberto. Iniciou a sua fala destacando o “Agosto para Igualdade Racial” que completa 10 anos de resistência e superação nessa cidade e fez um apelo aos vereadores pela aprovação do projeto da vereadora Jô Oliveira, que prevê o Plano Municipal de Promoção da Igualdade Racial e o Conselho Municipal de Promoção da Igualdade Racial, considerando que são pautas urgentes visto que Campina Grande está na 26ª colocação entre os municípios onde mais se matam jovens negros no Brasil. “É função do poder público e da SEMAS garantir o direito à vida para juventude negra’’ – frisou.

Também ressaltou a importância da representatividade de Jô Oliveira, enquanto vereadora, destacando o PL de sua autoria de nº 178, que altera o calendário oficial do município, para incluir o dia 14 de dezembro como dia municipal, Tarso Pereira Lima, jovem negro acusado de assassinado por um PM aqui no município.

Pontuou também que o movimento negro há mais de 34 anos está alertando sobre a necessidade de salvar a vida dos jovens negros, onde isso só é possível através de políticas públicas, acrescentando que no Brasil a cada 23 minutos um jovem negro é brutalmente assassinado. Por fim, concluiu falando sobre o abaixo assinado e o ato público realizado na frente da reitoria da UEPB, com o objetivo de contribuir para derrubar o racismo institucional da universidade, sendo dessa forma possível construir uma sociedade mais justa, igualitária, inclusiva e democrática em Campina Grande.

Maria Leônia – Destacou que esse é o ano de rememorar o assassinato de Margarida Maria Alves, que deu o sangue na luta nos movimentos sociais, além de pontuar o aumento da violência física e moral, principalmente das mulheres negras, sobretudo nessa pandemia. Também destacou a importância dessa pauta e da importância de a informação chegar às comunidades.

Citou a comunidade Caiana dos Crioulos, que é uma referência nacionalmente de resistência e pontuou o quanto aquelas mulheres, juventudes e homens, tem construído uma história de resistência. Acrescentou também a importância da referência que é ter Jô Oliveira ocupando esse espaço institucional.

Por fim, agradeceu a oportunidade e informou que há dois anos estão se mobilizando na formação de mulheres negras na política, construído pelo Movimento Negro no Nordeste e pelo movimento feminista.

Silvio Humberto – Agradeceu a oportunidade de participar nesta terça-feira (10), da sessão – dia dedicado ao orixá Zara (Tempo) – e neste mês de agosto de promoção da igualdade racial.

Na sua participação ele afirma que todos os negros e negras estão nos caminhos de acertos, mas que o racismo primitivo mais o racismo provocado pelo avanço da população negra estão ‘juntos e misturados’ de forma ainda delicada, citando a importância de pensar estratégias e ações.

Citou o caso da presidência da fundação palmares, sendo uma pessoa negra, mas que tem uma postura de retomar a narrativa da princesa Isabel, considerando que isso se faz compreender o quanto houve avanço e o quanto é preciso enfrentar e ter a capacidade política de entender o que está em disputa. Informou que foi publicado ontem o relatório da OXFAM, ‘democracia inacabada – um retrato das desigualdades brasileiras’, destacando que não se pode falar em democracia enquanto houver racismo.

Pontuou também a importância relativa à representatividade bem como de ocupar esses espaços políticos e institucionais, informando que dos 56 mil vereadores eleitos em 2020, apenas 200 são indígenas. Com relação às mulheres, as mulheres negras representam 27 % da população brasileira, porém ocupam apenas 2,53% das cadeiras da Câmara dos Deputados. Além disso, informou que homens brancos representam 43,1% das candidaturas da Câmara de 2018, ficaram com 61,4% de recursos de campanhas, enquanto as mulheres negras foram 12,9%, ficando apenas com 5,7% dos recursos.

Finalizou dizendo que estão avançando, mas que o caminho ainda é longo e que quando se diz que o racismo é sistêmico, certamente ele precisa de ações sistêmicas. Relembrou Nelson Mandela, que diz que ‘é preciso crer para ver’. “É preciso que possamos acreditar nessa capacidade nossa de criar um novo universo, junto com as populações indígenas e outras populações oprimidas, para fazer um grande movimento antirracista’’ – finalizou.

Emanuelle – Relembrou ‘’Zumbi, Dandara, Carolina de Jesus’’ e tantas mulheres que permitiram que fosse possível ocupar esses espaços de poder, mas que sabidamente é preciso ocupar e fazer deles um instrumento de combate a implementação dessas políticas públicas de equidade racial.

Como exemplo de políticas nesse sentido, citou o PLANEPIR, aprovado em 2019 e que é dividido em cinco eixos, onde um deles trabalha no enfrentamento ao racismo estrutural múltiplo e agravado, além do Centro Estadual de Referência João Baluda, implementado em novembro de 2020, composto por uma equipe multiprofissional, que recebe demandas e também trabalha com a busca ativa dos casos, onde mais de 50 casos já foram atendidos, em menos de um ano. “Não é uma coisa que a gente comemora, mas a gente comemora o centro poder dar esse suporte a nível estadual’’ – destacou.

Por fim, falou sobre o SELO – Prefeitura parceira das mulheres, que esse ano traz como tema o ano da igualdade racial, que prioriza ações voltadas ao combate ao racismo e que contemple mulheres negras, de comunidades tradicionais, povos originários e de matriz africana. Acrescentou ainda que não são políticas suficientes, mas que estão abertas ao diálogo.

Nazito Pereira – Ressaltou sobre a pausa do Programa Patrulha nas Escolas e necessidade do seu retorno, reforçou e sugeriu a importância de incentivar mais a cultura afro-brasileira através de cursos e palestras de incentivo à capoeira, de forma permanente. Pontuou a aplicação da lei 10.639 e 11.000, uma vez que não ver as mesmas sendo aplicadas de forma efetiva. Também destacou a necessidade urgente da contratação de professores de capoeira para levar essa expressão da cultura brasileira para as escolas. Por fim, sugeriu que fosse incentivado a criação da cultura hip hop como mais um elemento cultural no município, sendo um incentivo para salvar jovens do crime e do mundo das drogas. Se despediu agradecendo pela oportunidade.

Maria das Graças – Falou da importância do trabalho da vereadora Jô Oliveira, que exerce a cobrança de direitos. Também expressou de forma pessoal que a sua vida existe em prol de combater e vencer o racismo. Falou sobre o sindicato estadual de trabalhadoras domésticas que já tem 10 anos e que precisa muito da presença das trabalhadoras para dar continuidade às ações e cobranças de direitos para a categoria.

Destacou o seu contentamento a respeito da lei promulgada no ano de 2015, que implementa a carga horário de trabalho das trabalhadoras domésticas, bem como citou o congresso da FENATRAD, que ocorrerá de 12 a 15 deste mês, quando o sindicado terá a oportunidade de informar as necessidades mais urgentes da categoria.

Por fim, ressaltou que aguarda ansiosamente pelo dia 27 de abril, dia específico da trabalhadora doméstica, que será feriado nacional.

Professor Nonato – Parabenizou a candidatura da vereadora Jô Oliveira, destacando a responsabilidade que a mesma possui, uma vez que está sendo uma das primeiras a ocupar esse espaço político, tendo infinidades de pautas a serem desenvolvidas. Bem como ressaltou a importância dessa propositura e dos convidados no dia de hoje.

Também citou a falta de acesso à tecnologia das pessoas negras e a possibilidade de realização de publicações acadêmicas nas universidades. Acrescentou que é representante da UNEGRO, que luta por políticas inclusivas e continua a luta que já vem sendo desencadeada por outros camaradas. Parabenizou a todos que promoveram o movimento do dia de hoje, em especial, a vereadora Jô Oliveira.

Rubens Nascimento – parabenizou a vereadora Jô Oliveira pela propositura, registrando que não está na mesma bancada do parlamento, mas que tem se esforçado para participar das audiências públicas.

Saudou os participantes, bem como compartilhou sobre o processo da abolição da escravatura, onde a lei faz de conta que houve uma libertação (lei do ventre livre), posteriormente a lei do sexagenário (libertando-os sem direitos sociais), até que veio a lei 3.353 (Lei Áurea), dito fim da escravidão, acontecendo de uma forma desprogramada, libertando toda uma população de negros sem qualquer retaguarda das políticas públicas e sociais, inaugurando o processo de favelização e que ainda hoje é possível ver essas dificuldades históricas, como exemplo, a baixa educação.

Ressaltou que na sua visão o que vai viabilizar toda essa desconstrução e reconhecimento de direitos e potencialização da discussão do público negro, e os direitos que devem ser reconhecidos é de fato a democracia.

Moisés – Agradeceu na pessoa do professor Donato, pela sua história, pela sua insistência de construir um movimento étnico racial. Saudou o povo da capoeira, aos povos de terreiro, pessoas que distribuem comida em vários bairros nas periferias. Saudou as Universidades Estadual e Federais da Paraíba e de Campina Grande, que todas as instituições que colocam esse tema como debate.

Ressaltou que está na gerência étnico-racial da Secretaria de Educação do Município, construindo a pauta educacional de Campina Grande, convidado pela sua história na militância, pontuando que ‘’não chegou lá sozinho’’ – destacou. Registrou o olhar do secretário Raimundo Asfora Neto, que o chamou e lhe deu a liberdade de atuar nessa causa e por fim, destacou a importância da educação nesse debate e nessa transformação, bem como a valorização e resgate da ancestralidade.

Dona Fátima – parabenizou à propositura da vereadora Jô Oliveira pela audiência realizada, agradeceu a presença dos convidados, em especial o professor Nonato e o profissional Moisés.

Não poderia deixar de participar e ressaltar que de fato é necessário o Brasil inteiro discutir sobre políticas públicas voltadas para as mulheres negras, não apenas estado e município. E que ‘”conseguiremos direito e vez se lutarmos’’ – finalizou.

Márcio Daniel – Falou em nome da Secretaria Municipal de Assistência Social, frisando que sente muito por saber que é uma exceção, enquanto pessoa que concluiu um curso superior apesar da sua origem humilde, mas que a regra é a pobreza e o desfavorecimento de direitos, onde muitas vezes ele tem cor e lugar na cidade de Campina Grande. Destacou a divisão de cor, nos bairros de campina grande, relembrando o tempo em que o pais viveu por mais de 300 anos no regime escravista, que as leis do império acabaram com a escravidão, mas não acabaram com a exclusão.

Também pontuou que é importante observar nas eleições do ano que vem, quem serão os grandes candidatos que vão pautar esse debate. Bem como, registrou que é dever do estado dirimir essa discrepante desigualdade e que a Secretaria de Assistência Social, por mais dos seus diversos equipamentos, tem buscado combater a desigualdade racial.

Por fim, informou que há 8 anos trabalha no SEMAS e esse ano a secretaria estará realizando o projeto ‘famílias fortes’.

Jéssica Preta – Recitou a Poesia ‘’Eugênia Brasileira’’.

Ivani dos Santos – Ressalta que é importante ter a vereadora Jô Oliveira enquanto vereadora para votar a favor dos recursos, uma vez que políticas públicas só existem se estiverem pautadas no orçamento, sendo por isso tão importantes candidatos que fortaleçam o debate racial.

Considerando que Campina Grande deve criar a Medalha Arnaldo Xavier, se colocou à disposição e informou que está com uma missão de traçar um plano de governo em nível nacional e estadual no Rio de Janeiro, fará de forma suprapartidária, querendo ouvir todos e todas.

Jô Oliveira – Finalizou a sessão ressaltando a importância da mudança real de vida das pessoas, registrando que esse é o compromisso de todos e todas que estão presentes na audiência, deixando como orientação e sugestão o seminário “o agosto para desigualdade racial’’ que está ocorrendo na sua décima edição e começou ontem e tem atividade até o próximo dia 13. Está sendo transmitido pela rede de professores anti racistas nas redes sociais.

Por fim, colocou que esse é um dos desdobramentos que espera pelo debate racial no município de Campina Grande.

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DIVICOM/CMCG



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