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Comunicadores defendem restruturação da Rádio MEC, a mais antiga do País

 

Primeira emissora de rádio do País e a mais antiga em operação, a Rádio MEC completa 100 anos neste ano. O resgate do protagonismo e a restruturação do veículo, que integra a Empresa Brasil de Comunicação (EBC), foram defendidos na quarta-feira (12) em audiência pública da Comissão de Cultura da Câmara dos Deputados.

Durante o debate, a diretora de conteúdo e programação da EBC, Antônia Pellegrino, destacou que é preciso aproveitar o centenário para fortalecer a emissora e assegurar produções de qualidade.

“Chegar aos 100 anos em meio à era digital é um convite a pensarmos sobre o futuro da MEC no contexto de ameaças à democracia e de desinformação”, disse. “A rádio necessita ter as melhores condições para exercer sua vocação educativa e pública, incluindo a reflexão crítica sobre os acontecimentos e o combate às fake news.”

Atualmente, a Rádio MEC opera no 800 Khz AM, na internet e aplicativos.

Conselho Curador
Uma das idealizadoras da audiência pública, a deputada Benedita da Silva (PT-RJ) afirmou que é urgente juntar forças para que a Rádio MEC seja restruturada e mais pessoas tenham acesso à sua programação.

“Nesse sentido, mostra-se fundamental a recriação do Conselho Curador da EBC, a fim de que a sociedade participe ativamente da gestão da emissora centenária”, comentou.

Representante do Sindicato dos Jornalistas do Rio de Janeiro, Carolina Barreto também pediu celeridade na reconstrução do Conselho Curador da EBC como forma de garantir a existência da comunicação pública no Brasil.

“Não queremos o conselho porque é bonitinho ter um. Queremos um conselho da sociedade civil porque não existe comunicação pública sem esse órgão, que faz parte das melhores práticas verificadas no mundo”, declarou.

O colegiado foi extinto em 2016, no governo de Michel Temer, e até o momento não foi restaurado.

Comunicação pública
O presidente do Sindicato dos Radialistas do Rio de Janeiro, Leonel Quirino, foi outro debatedor a salientar a necessidade de se priorizar as rádios que fazem pública. Mas para que isso se confirme, alertou ele, o Estado tem de implementar políticas que garantam a estabilidade dessas instituições.

“Dentro da lógica de política pública, a Rádio MEC tem de ter valorizada para que, daqui a 100 anos, continue trabalhando esse nicho com qualidade profissional, levando educação para a coletividade”, sustentou.

Formação cultural
A professora e filósofa Helena Theodoro trabalhou por 31 anos na Rádio MEC e destacou a relevância da emissora na formação cultural da população brasileira.

“Quando se pensa em reconstrução de cultura nacional, temos de pensar na grande importância da escuta”, disse. Vivemos em um país que, historicamente, nunca deu escuta a seu povo, à comunidade negra, aos indígenas, aos mais pobres. A Rádio MEC sempre cumpriu essa missão.”

Benedita da Silva acrescentou que a emissora conta hoje com cerca de 50 mil registros e produções, gravações feitas desde a década de 1930. “São registros que fazem parte da história do País. Processos tramitam no Instituto do Patrimônio Histórico e Artístico Nacional (Iphan) para que esse conteúdo seja considerado patrimônio imaterial”, informou a deputada.

 

Fonte: Agência Câmara de Notícias

Foto: Vinicius Loures/Câmara dos Deputado

 



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