Ponte que liga Rússia à Crimeia é atacada de novo; Putin deixa acordo de grãos
Uma explosão atingiu na madrugada desta segunda (17) a ponte da Crimeia, que liga a península anexada por Vladimir Putin em 2014 à Rússia continental. Foi o segundo ataque à ao local desde o início da Guerra da Ucrânia, em 2022.
A explosão foi atribuída pelo Kremlin à Ucrânia. O porta-voz Dmitri Peskov chamou a explosão de “ato terrorista”. Kiev, como de costume, não assumiu a autoria do ataque. Segundo a imprensa ucraniana, a Marinha do país e o serviço secreto usaram drones subaquáticos para tentar derrubar a estrutura.
Isso não ocorreu, mas uma das pistas foi danificada. Nela, às 3h (21h de domingo em Brasília), um carro com placas da região russa de Belgorodo passava quando houve o ataque. Pai e mãe morreram, e a filha do casal está hospitalizada.
Naquela ocasião, a explosão foi um grande choque para os russos, que consideravam a ponte sobre o estreito de Kertch, ligando a cidade homônima na Crimeia à região de Krasnodar, a salvo dos efeitos da guerra. O Ministério da Defesa em Kiev acabou admitindo a ação meses depois.
Putin respondeu àquele ataque dois dias depois, com o início de uma campanha para degradar a infraestrutura energética da Ucrânia. Com mísseis e drones, ele promoveu diversas ondas de bombardeiros até o começo deste ano, visando deixar o país com falta de eletricidade ao longo do inverno.
A Crimeia é um dos alvos presumidos da contraofensiva que a Ucrânia está tendo dificuldades de fazer avançar. Iniciada em 4 de junho, a ação ainda não conseguiu romper defesas russas e isolar a península, cortando a ligação por terra com a Rússia pelas regiões de Kherson e Zaporíjia (sul). Já houve ataques com mísseis de longa distância fornecidos pelo Reino Unido a pontes no norte da península, mas sem grandes efeitos práticos.
RÚSSIA SUSPENDE ACORDO DE GRÃOS
Nesta segunda, Putin também confirmou que vai suspender a participação da Rússia no acordo que permitia a exportação de grãos ucranianos pelo mar Negro. O Kremlin já havia sinalizado a medida, e Peskov afirmou que ela não teve nada a ver com o ataque à ponte. “O presidente Putin já havia expressado sua opinião sobre o tema”, afirmou.
Desde a semana passada, o governo russo já havia dito que deixaria o acordo, que vence na terça (18), caducar. Os russos consideram que a contrapartida à permissão para navios navegarem sem serem atacados, um acordo paralelo facilitando a exportação de seus grãos e fertilizantes, não foi implementada totalmente.
O acerto foi fechado em 22 de julho do ano passado e renovado em três ocasiões. A ONU afirma que aindaa está trabalhando para buscar uma nova extensão, e o presidente turco, Recep Tayyip Erdogan, chegou a anunciar que Putin havia aceitado a medida na sexta (14).
“Assim que a parte russa dos arranjos for cumprida, o lado russo voltará à implementação do acordo imediatamente”, afirmou o porta-voz Peskov.
FOLHAPRESS
Foto:© Getty Images